Bem Vindo ao Rememorando as Divas o Blog que pretende resgatar e valorizar a memória do Rádio do Brasil.

O rádio na Bahia

 Em março de 1924, foi criada a primeira emissora de rádio na Bahia, um ano depois da criação da primeira rádio no Brasil. Em meio a um clima de desconfianças, devido à falta de informação da população diante da nova tecnologia. Nas primeiras semanas do mês de março, o engenheiro Moreno Del Vale desembarcou na capital baiana, para uma conversa com o então governador Góes Calmon, sobre as principais carências a serem supridas para montar a primeira emissora baiana. Del Vale constantemente era visto acompanhado de engenheiros baianos interessados na montagem. ( http://www.radiosociedadeam.com.br).

“Surgiu em 1924 com a instalação da rádio sociedade que até 1945 foi à única emissora da Bahia. A  partir daí, ela criou conceito junto ao público  de  Salvador e do  interior; em 1950, os associados instalaram um transmissor de 50 khw e passou a ter  maior penetração e audiência. A programação era composta pelos cantores e cantoras, radio-novelas e programas de auditório. Nesse período as pessoas mais ricas que tinham o rádio, por isso era comum as pessoas irem escutar na casa dos vizinhos” (entrevista concedida pelo radialista Manuel Canário).

Um dos problemas enfatizados pelo profissional era a demora na chegada dos equipamentos, importados do exterior. Havia uma grande expectativa por parte dos baianos para que a rádio ficasse pronta, e no dia 12 de março de 1924, aconteceu uma assembleia geral que constituiria a primeira emissora de rádio da Bahia, A rádio Sociedade da Bahia. (http://www.radiosociedadeam.com.br).
A população baiana até então não se informava por meio do rádio, acompanhava o que se passava mundo afora através de jornais, que traziam informações com certo atraso, para ouvir os poucos rádios que existiam na época; era necessário uma autorização, para que o governo tivesse controle de quem aderira à nova tecnologia. (http://www.almanaquedacomunicacao.com.br).
Respeitando o sistema burocrático, o então acadêmico da Escola de Medicina da Bahia, o baiano Cesário de Andrade, solicitou do governo a instalação de um aparelho, na época chamado de posto receptor tele-radiofônico. A residência dele virou ponto de encontro de intelectuais da época. Toda essa burocracia acabou em 1936 quando o governo entendeu que era interessante para a população manter-se informada e autorizou a venda do aparelho nas lojas do ramo. (http://www.almanaquedacomunicacao.com.br).
A inauguração oficial da primeira emissora de rádio da Bahia foi feita no dia 27 de abril de 1924, com registro fotográfico publicado na revista Renascença. A inauguração contou com a presença do governador do estado, na sede do Palacete Mercury, localizado na rua Chile, de propriedade do imigrante italiano Giovanno Mercury, bisavô da cantora Daniela Mercury. A emissora era formada por cerca de 200 associados que pagavam mensalidades, para sua manutenção. A rádio baiana foi a quarta emissora a entrar em atividade no Brasil. (Correio da Bahia,p 4, 2006).
A partir daí começam a proliferar outras emissoras, nascem duas: ”A Rádio Comercial da Bahia e a “Rádio Clube da Bahia”, que tem um mérito na história da radiofonia baiana. Foi a primeira a transmitir música ao vivo, porém os sucessos dessas rádios duraram pouco, e a rádio Sociedade voltou a ficar sozinha.
Depois de 26 anos de trajetória, apostou-se no entretenimento; a Sociedade, por exemplo, era uma máquina de fazer artistas, descobrir talentos e reunir pessoas no auditório. O veículo de comunicação tinha um grande poder de interação, entre o locutor e o ouvinte; ele entrava na casa da família baiana e exercia grande influência. A Sociedade também foi responsável pelo início de transmissões de futebol direto do Campo da Graça.
       Em 21 de junho de 1944, no Largo do Papagaio, em Itapagipe, surge a Rádio Excelsior para dar inicio a uma acirrada concorrência. O anúncio da chegada de uma nova estação aconteceu com o show do famoso Trio de Ouro, composto por Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas. (Jornal Correio Da Bahia, 2006, p5), (Tribuna da Bahia, 1990, p3)

Surge também a Rádio Cultura da Bahia; sua estreia foi em agosto de 1950, uma iniciativa de empresários mineiros que ansiavam por uma emissora moderna. Uma revolução na radiofonia baiana com o advento do jornalismo instantâneo e de qualidade, composto por 14 repórteres espalhados pelas ruas da cidade. Havia também uma rádio baratinha que vivia pelos subúrbios de Salvador noticiando tudo. O mundo do crime também ganha espaço com os programas “O polícia” e “Nas ruas”. Logo no início, a Rádio Cultura oferecia aos locutores salários acima da média, na expectativa de obter os melhores profissionais da época.


 No anos 50 surgiram as radionovelas, transmitidas pela rádio Excelsior, a Cultura e a Sociedade,as três  tinham um casting de atrizes e atores. Na época, a tecnologia era bastante limitada e tudo tinha que ser apresentado ao vivo; apesar das dificuldades, havia poucas falhas. A radionovela de maior sucesso da Excelsior chamava-se “A carta”. Na Rádio Cultura havia três de peso: “Consciências Mortas”, “Quando fala o Coração” e “Conflitos”. Os ouvintes acompanhavam até um ano, sem saber o desfecho das rádio-novelas. Segundo o radialista Pacheco Filho, em entrevista concedida ao jornal Correio da Bahia, de 2006, a Rádio Sociedade teve o segundo melhor cast de radioatores do Brasil.
   
          Havia também o sucesso dos programas de auditório, nos quais o público chegava vestido como se fossem a uma festa de gala, homens de terno, e mulheres elegantes, ostentando chapéus caros. Os auditórios geralmente eram frequentados pela alta sociedade baiana. “Vitrine Feminina”, programa de sucesso na época apresentado por José Jorge Randam, era um dos preferidos do público. (http://www.radiosociedadeam.com.br/).
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